sexta-feira, 13 de julho de 2012

olhei pela janela

e via-a no outro lado da rua, a chorar. era uma mulher cuja idade se situaria provavelmente entre os quarenta e os cinquenta anos (nunca fui boa nestas coisas). chorava sentada nas escadas. era um choro de preocupação, de angústia. não conseguia parar de olhar e uma colega reparou. 

- é normal, disse-me.
- normal? porquê? ali só há uma conservatória, é por causa disso? morreu alguém e a senhora está a tratar das partilhas e emocionou-se? não entendo... [a senhora não estava vestida de negro, reparo então.]
- em cima da conservatória fica o tribunal. é aí que são julgados os casos mais graves... droga, assassínios, roubos. por vezes há grande aparato de polícia e assim. há alturas em que vem a comunicação social. não te admires se assim for.

o filho chegou um pouco mais tarde no carro da gnr. acho que não vinha algemado mas não posso garantir. quando uma mãe traz um filho ao mundo não imagina certamente que o seu futuro passará por aqui. daí o desespero e a angústia. uma mãe está lá nos momentos mais duros, aguentando-se como pode, como sabe. e aquela senhora aguentou o dia todo, à espera. chegou o marido, chegaram alguns amigos do filho... as horas passaram e a sentença -  adivinhava-se pelas caras de alívio - não devia ter sido grave. está em prisão domiciliária, soube-o dias mais tarde. foi droga.

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